Na última terça, 30 de outubro, os jovens do Programa Jovens Urbanos das instituições SEPAS e IPEDESH viveram uma experiência única: participaram, no Galpão das Artes (Jardim Lapenna, São Miguel), junto com os alunos de hipermídia do própiro galpão, de um encontro com o sociólogo francês Mohamed Marwan.
A roda de conversa com o pesquisador, que em seu pós-doutoramento escreveu uma tese sobre a juventude nas periferias de Paris, permitiu que os educandos do PJU e demais presentes experimentassem uma chance exclusiva e muito interessante de entender as similaridades e as diferenças entre o viver na periferia de Paris ou de São Paulo.
Rodrigo (aluno de hipermídia), por exemplo, perguntou a Mohamed se na França há repetência escolar, no que foi explicado que lá tem uma prova ao final da série, onde o aluno só recebe seu diploma se for aprovado.
Enfatizando que um dos grandes problemas na lógica policial francesa é a a relação do poder público com as questões de nacionalidade, Mohamed aludiu ao fato que, "tanto na França quanto no Brasil, há vários tipos de políticas públicas", e que por conta desse detalhe haja distorções no trato do estado com a juventude. "Apenas me parece que na França há menos corrupção que no Brasil", salientou.
Andrelissa, educadora da Fundação Tide Setúbal, também presente ao encontro, fez uma sugestão muito interessante de que "fosse criada uma polícia especializada em jovens", da mesma forma que existe departamentos da polícia especializados em turistas, idosos, mulheres etc. O sociólogo concordou. No meio do debate, o jovem Emerson (IPEDESH), fez uma curiosa analogia, usando alguns versos da música "Geração Coca Cola", do grupo brasiliense Legião Urbana. Disse ele que as relação dos jovens com as instituições no país estão tão deterioradas que o trecho da música que diz "vamos fazer comédia com as suas leis" (sic), se torna emblemático para exemplificar o decrédito que a polícia, nesse caso, tem junto à população menos favorecida. No que todos concordaram, em menor ou maior grau.
Assim, Mohamed Marwan, questionando e sendo questionado, problematizou diversas questões que permeiam as populações jovens marginalizadas, tanto aqui quanto lá. Aprendemos com ele, com certeza. Essa mesma certeza, porém, é de que ele também alimentou enormemente seu repertório, diante de uma plateia tão diversa quanto inteligente. E atenta.
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