O terceiro (e último) encontro de formação da Alfasol direcionado para os educadores e coordenadores do Programa Jovens Urbanos foi a exibição do documentário Quebrando o Tabu, seguido de um debate com o cineasta Fernando Andrade, diretor do filme. A apresentação, como das vezes anteriores, aconteceu no Centro Ruth Cardoso. Diante de uma
plateia eclética, Fernando discorreu sobre sua polêmica obra.
Abordando a problemática que gira em torno do consumo das drogas na sociedade atual, o diretor fez um filme sóbrio e multifocal, cuja narrativa é conduzida pelo sociólogo e ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que esgueira-se galhardamente entre o pesquisador e o político. Nesse caso, como bem lembrou o jovem diretor, "na fita, sobressai-se mais o cientista social que o político". Tanto melhor assim. Ponto para os dois.
A obra analisa a historicidade das drogas e a vincula à inserção do capitalismo em todos os recônditos sociais. Dessa forma, o filme elenca em suas entrevistas os desdobramentos possíveis, como as saídas ousadas (e acertadas), encontradas pelos governos da Holanda, Suíça e Portugal, na descriminalização do usuário, tratando-o como doente e não como meliante social. Pelos resultados vistos através dos depoimentos colhidos no filme, essa talvez seja a mais sensata (possivelmente a mais importante) maneira de tratar a questão.
A obra analisa a historicidade das drogas e a vincula à inserção do capitalismo em todos os recônditos sociais. Dessa forma, o filme elenca em suas entrevistas os desdobramentos possíveis, como as saídas ousadas (e acertadas), encontradas pelos governos da Holanda, Suíça e Portugal, na descriminalização do usuário, tratando-o como doente e não como meliante social. Pelos resultados vistos através dos depoimentos colhidos no filme, essa talvez seja a mais sensata (possivelmente a mais importante) maneira de tratar a questão.
Se por essa opção o cineasta já dá provas de sua ousadia, uma vez que FHC sempre será motivo de divergências pontuais por conta de seu percurso político um tanto complexo, o bate-papo com a plateia fez com que Fernando Andrade enunciasse algumas colocações que explicaram a confecção de sua obra e permite-nos, enquanto educadores, nortear algumas propostas de cunho pedagógico surgidas com a audição do filme.
Questionado pelos educadores presentes, o cineasta fez diversos apontamentos interessantes sobre a produção do longa e suas implicações, assim como as formas mais inusitadas de dependência que existem na sociedade atual. Uma dos momentos mais interessantes foi quando ele revelou ser dependente de Coca-Cola e, "hoje, aos 31 anos, tenho osteoporose por conta do consumo de até cinco latinhas diárias", ponderou em seu mea culpa. Comentou também que o PSDB insistiu muito para que FHC não participasse do filme, pois suscitaria muitas polêmicas com as quais o partido não compactua. Por este episódio, o jovem teve seu telefone grampeado por um bom tempo.
Questionado pelos educadores presentes, o cineasta fez diversos apontamentos interessantes sobre a produção do longa e suas implicações, assim como as formas mais inusitadas de dependência que existem na sociedade atual. Uma dos momentos mais interessantes foi quando ele revelou ser dependente de Coca-Cola e, "hoje, aos 31 anos, tenho osteoporose por conta do consumo de até cinco latinhas diárias", ponderou em seu mea culpa. Comentou também que o PSDB insistiu muito para que FHC não participasse do filme, pois suscitaria muitas polêmicas com as quais o partido não compactua. Por este episódio, o jovem teve seu telefone grampeado por um bom tempo.
Marcel, educador do Programa Jovens Urbanos na organização CECCRA,
questionou o fato de FHC sempre apontar a droga a partir do estigma da dependência e nunca
contextualizá-la sob o âmbito do lazer, o que ampliaria o raio de discussão da questão. Fernando concordou, afirmando que esta leitura do filme já foi apontada por outras pessoas. O vídeo com o ex-presidente no filme, com seu comportamento bem diferente de quando estava no poder, também foi pontuado por dona Albina, educadora no Lar Maria Sininha, na zona sul de São Paulo. "O FHC foi um grande hipócrita", asseverou ela, provocando risos entre os presentes.
Audaz, multifacetado, ideológico, discursivo, todos estes adjetivos cabem no filme de Fernando Andrade. E muitos outros.
Não podemos negar, contudo, a importância de se introjetar essa discussão no trabalho com jovens e adolescentes. Também é preciso adotar um posicionamento para a educação da sociedade que estamos construindo. Só por estes enunciados, o filme Quebrando o Tabu já seria bem-vindo. Mas há muitos mais... a sugestão, então, é assisti-lo. E discuti-lo.
fotos EF
Nenhum comentário:
Postar um comentário