"As diferenças biológicas também determinam as de poder". Com essa frase enfática, Maria Adrião chamou-me ainda mais a atenção para a formação que ela oferecia em "Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos", encontro promovido no CENPEC em 06 de julho e que contemplava os educadores do Programa Jovens Urbanos, mantidos pela instituição em parceria com as ONGs de diversos territórios de São Paulo. Para a educadora, é preciso buscar o entendimento sobre as diferenças fisiológicas dos gêneros masculino e feminino, mas sem comprometer as conquistas sociais e a igualdade entre os sexos.
Norteando a conversa com questões provocativas como "o que entendemos por sexo, sexualidade e gênero?", ou "o que é juventude hoje?", ou também incitando discussões em grupo com questões como a caso de Catarina, lésbica agredida pelas próprias colegas depois de supostamente ter paquerado uma delas; ou mesmo citando diversos aspectos da lei brasileira, Adrião provocou diversos choques contra o senso comum. Foi além: recorrendo a Foucault, o cinema, vídeo, casos específicos com o da militante paulistana Claudia Wonder (já falecida),a filósofa Beatriz Preciado, a cientista social Berenice Bento, a Teoria Queer (de estudos de transgêneros), Adrião (que é psicóloga e atua em organizações não-governamentais, e junto aos Minsitérios da Cultura e da Educação, além da UNESCO e da UNICEF) trouxe um discurso denso com reflexões inéditas, ajudando a desamarrar muitos conceitos prévios e alguns tabus de uso contínuo e diário. Só pra exemplificar, este escriba que rascunha essas linhas foi corrigido algumas vezes por insistir no termo "homossexualismo", quando uma corrente mais recente propõe que se trate "homossexualidade", por ser mais acertivo e de construção politicamente mais adequada.
Maria Adrião, provocações sobre diversidade (foto EF)
Adrião ainda recorreu a um vídeo muito eloquente, "Romeu e Julieta", para introjetar no grupo conceitos contemporâneos e práticos de como tratar da sexualidade com adolescentes e jovens. Entre os assuntos abordados, a conversa sobre a questão da gravidez na juventude foi um dos mais elucidativos. Outro ponto que provocou divergências e até interpretações hilárias foi a abordagem de gêneros, quando a palestrante ofertou-nos um leque de termos relativos ao tema: travestis, transexuais, intersexo (antes citado como hermafroditismo), drag-queens, drag-kings, cross-dressing, entre outros que tentam abarcar a amplitude e complexidade de nomenclaturas que, apesar das pesquisas, da militância e da boa vontade, não conseguem atingir todos os campos que acabam se tornando, para efeitos gerais, o da diversidade.
O embate de ideias sobre diversidade: bons momento da formação (foto EF)
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