sexta-feira, 20 de julho de 2012

Encontro Regional no CENPEC

O Programa Jovens Urbanos desse ano está uma loucura maravilhosa! Os desafios são muitos, impõem-nos a todo momento a necessidade de repensarmos cada passo, as verdades antes inquebrantáveis, as certezas absolutas. Nem terminamos o período de adesão de novos jovens, mas os oldies já se apropriaram da Trajetória Trama, em que as explorações, teoricamente, são o mote experimental mais importante. Mas então pintou no horizonte a Rio+20, as oficinas, as férias escolares e outros tais. E tudo virou um caldo grosso de ideias, hipóteses, sensações, apropriações e considerações.
A molecada? Claro! Deram conta do recado. E estão aí, a pleno vapor, desfilando seus pés, dúvidas, curiosidades e pensamentos, toda semana, pela terra da garoa. E haja garoa... justamente agora.
Aliás, falando em "agora", quando pensamos no recesso escolar, "nossa, vamos ter um período de calmaria", somos, de novo, reconvocados, pois um novo tema já está se delineando na paisagem: a Âncora, período de experimentações que encaminham, entre outras maravilhosas descobertas, ao Projeto final do programa. 
E, pra completar, as mesmas oficinas de experimentações levarão os mesmos educandos para a Semana Expressão Jovens Urbanos.
Alguém  aí arriscaria dizer que jovens não gostam dessas coisas? Duvido... e até aposto...
Quem viver, verá! Quem viver, viverá!

Equipe do Alana teorizando, anotando, projetando(foto EF)

Vários territórios, várias discussões, vários planejamentos (foto EF)
Troca de ideias, de saberes, de experiências (foto EF)

sábado, 7 de julho de 2012

Formação "Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos"

"As diferenças biológicas também determinam as de poder". Com essa frase enfática, Maria Adrião chamou-me ainda mais a atenção para a formação que ela oferecia em "Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos", encontro promovido no CENPEC em 06 de julho e que contemplava os educadores do Programa Jovens Urbanos, mantidos pela instituição em parceria com as ONGs de diversos territórios de São Paulo. Para a educadora, é preciso buscar o entendimento sobre as diferenças fisiológicas dos gêneros masculino e feminino, mas sem comprometer as conquistas sociais e a igualdade entre os sexos.
Momento de ouvir, refletir, inquirir, sugerir e sublinhar (foto EF)

Norteando a conversa com questões provocativas como "o que entendemos por sexo, sexualidade e gênero?", ou "o que é juventude hoje?", ou também incitando discussões em grupo com questões como a  caso de Catarina, lésbica agredida pelas próprias colegas depois de supostamente ter paquerado uma delas; ou mesmo citando diversos aspectos da lei brasileira, Adrião provocou diversos choques contra o senso comum. Foi além: recorrendo a Foucault, o cinema, vídeo, casos específicos com o da militante paulistana Claudia Wonder (já falecida),a filósofa Beatriz Preciado, a cientista social Berenice Bento, a Teoria Queer (de estudos de transgêneros),  Adrião (que é psicóloga e atua em organizações não-governamentais, e junto aos Minsitérios da Cultura e da Educação, além da UNESCO e da UNICEF) trouxe um discurso denso com reflexões inéditas, ajudando a desamarrar muitos conceitos prévios e alguns tabus de uso contínuo e diário. Só pra exemplificar, este escriba que rascunha essas linhas foi corrigido algumas vezes por insistir no termo "homossexualismo", quando uma corrente mais recente propõe que se trate "homossexualidade", por ser mais acertivo e de construção politicamente mais adequada.

 Maria Adrião, provocações sobre diversidade (foto EF)

Adrião ainda recorreu a um vídeo muito eloquente, "Romeu e Julieta", para introjetar no grupo conceitos contemporâneos e práticos de como tratar da sexualidade com adolescentes e jovens. Entre os assuntos abordados, a conversa sobre a questão da gravidez na juventude foi um dos mais elucidativos. Outro ponto que provocou divergências e até interpretações hilárias foi a abordagem de gêneros, quando a palestrante ofertou-nos um leque de termos relativos ao tema: travestis, transexuais, intersexo (antes citado como hermafroditismo), drag-queens, drag-kings, cross-dressing, entre outros que tentam abarcar a amplitude e complexidade de nomenclaturas que, apesar das pesquisas, da militância e da boa vontade, não conseguem atingir todos os campos que acabam se tornando, para efeitos gerais, o da diversidade.

 O embate de ideias sobre diversidade: bons momento da formação (foto EF)

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Oficina de Letramento

 Imaculada e Cida, educadoras divertidíssimas e super "do bem (foto EF)

Foi uma gratíssima surpresa a Oficina de Letramento da última sexta (29/6), no CENPEC (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária). Intrumentados pelas dinâmicas Cida e Imaculada, nós, educadores do Programa Jovens Urbanos, passamos um dia inteiro aprendendo a lidar com as diferentes representações da forma escrita no mundo atual. As discussões e provocações incitadas pela dupla, levaram a uma intensa trocas de saberes dentro das novas condições tecnológicas e conceituais do momento presente.
Sob essa perspectiva, foi muito importante ser introduzido ao tema através do vídeo "Se Eu Fosse um Livro", após o qual desenvolvemos uma ideia de programa de rádio a partir da leitura de crônicas diversas publicadas na imprensa.  Foi um exercíco que exigiu muita concentração, arguição e participação do grupo.
O estudo da música "Conversa de Botequim", de Noel Rosa e Vadico, ajudou a criar um clima lúdico e cheio de riquezas sutis, surgidas dentro das observações dos educandos reunidos. Mais interessante ainda ficou quando propuseram que a gente criasse respostas à crônica musical. E ainda mais surpreendente foi quando, sintetizando, as duas mestras (pois isso elas são, com pleno domínio do terreno em que se dedicam), ofereceram para nossa degustação a crônica "Como Nasceu Aquela ´Conversa´", escrita por Luiz Henrique Gurgel, um "diálogo" muito inspirado e original, também originado a partir da audição do sucesso de Noel.
O feliz encontro foi finalizado com o incentivo de ambas para que os grupos construíssem uma crônica coletiva. Permeado pela conversa do dia, pedi licença à minha turma para escrever das experiências etílicas que eles sempre me descrevem sobre como se reúnem após as formações do PJU. Tais reuniões, que são muito festivas - segundo palavras do pessoal do meu grupo ( Danila, Alan e Joelma) - eles batizaram de "formações continuadas", o que, de fato, são. Pois creio que ali também, sob a magia da amizade e engraxada pela liquidez amena do álcool e do papo boa-praça, se constrói muito conhecimento a ser vivenciado e compartilhado.

Segue abaixo, então, a crônica escrita ´a oito mãos´ na "sala de aula":


A formação continuada

Turnicutico!” (e todos trocam de posição)
Chego no bar do Chico. Uma turma alegre e festiva está lá. Juntaram mesas, comem porções generosas dos salgados que tiver no boteco e bebem, bebem fragorosamente. Alguém sacou um pandeiro, e tocam, e cantam, e contam piadas, e riem e celebram a vida.
Tem um boné emborcado no centro da mesa, o ventre cheio de notas amassadas e algumas moedas. E umas tirinhas de papel. Faz parte do ritual, colocam ali o que têm e podem gastar. Os papéis amarrotados indicam o valor que fulano ou beltrano vai gastar no cartão. E torça para que a maquininha do Chico não falhe hoje...
Quando me aproximo, um deles pergunta meu nome. Respondo e sou brindado: “Escobar é um bom companheiro, Escobar é um bom companheiro, Escobar é um bom companheiro, ninguém pode negar”. Rio sossegado, descubro que entre “os meus”, tô em casa. Logo logo faço as primeiras amizades, me animo, ouço as historietas, arrisco uma piada sem graça (e eles riem!), vou me aconchegando. Agora então já posso ser “batizado”. Explico melhor: quem se enturma definitivamente com o coletivo, é convidado/convocado/obrigado a tomar uma dose (num único gole) da Justa Causa, pinga artesanal que o Del (membro da “diretoria” do grupo), carrega em sua mochila e sempre impõe ao novo “familiar”. Se beber direitinho, passa a fazer parte da confraria.
Depois vem a surpresa: são todos educadores. Trabalham com jovens. E também são muito jovens, em seus êxtases criativos, suas memórias afetivas e suas ânsias de viver intensamente, em trocar saberes. Estão reunidos ali pois estavam fazendo curso de formação naquele dia e agora se reuniram para continuar “o aprendizado”. Apelidaram esse momento de “formação continuada”. Criatividade maior, só quando se deparam com questões aparentemente insolúveis de seus alunos.
E eu, que sempre achei que essa coisa de bar se prestava mais a um desserviço social, descubro – empírica e etilicamente – que também estou sendo educado para a excelência na arte de bem viver.
Em tempo: Turnicutico é o mantra que alguém grita quando percebe que as panelinhas estão há muito tempo reunidas. Nessa hora, todos mudam de lugar às mesas, para interagir com outras pessoas.

Flávia, Daniel e Celeste, concentrados na formação (foto EF)